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Diretora de "Entre a Terra e o Infinito" fala sobre inspiração e desafios na criação do documentário

Divulgação
Histórias curiosas como a do Cavalo Guarani são contadas em documentário inédito
Patrícia Fernandes, diretora do documentário. (Foto: Divulgação)

Patrícia Fernandes, diretora do documentário Entre a Terra e o Infinito - Histórias de Jardinópolis, compartilhou em entrevista ao Jornal Mídia os bastidores de sua obra de estreia. Formada em Produção Audiovisual pela Faculdade Barão de Mauá e com uma sólida experiência de oito anos como editora de vídeo, Patrícia revelou que o projeto nasceu de uma profunda vontade de dar voz às memórias e histórias da cidade de Jardinópolis, abordando temas que conectam o passado e o presente da comunidade.

O documentário é fruto de uma parceria com a historiadora Bianca Furquini, responsável pela pesquisa histórica que embasa o filme. Graduada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em História e Museologia, Bianca traz em seu currículo duas pós-graduações: Gestão de Museus com Ênfase em Cultura e Administração Patrimonial em Organizações Públicas. Com um olhar cuidadoso e uma bagagem acadêmica sólida, ela mergulhou nos arquivos e nas narrativas locais para construir uma base rica e detalhada para o documentário.


De onde surgiu a inspiração para criar o documentário "Entre a Terra e o Infinito"?

Desde a época da faculdade eu sempre tive vontade de seguir como documentarista, então, várias possibilidades passavam na minha cabeça. Durante esses anos todos como editora, tive contato com algumas obras e todas elas, tinham como objetivo tornar histórias mais conhecidas. Em uma conversa com a Bianca, chegamos à conclusão de que as histórias de Jardinópolis não estavam sendo divulgadas o suficiente. De forma pessoal, as três histórias abordadas sempre me cativaram.



Qual foi a maior dificuldade em transformar essas narrativas locais em um documentário?

Encontrar documentos, fotos e vídeos das histórias. Infelizmente as fontes primárias dessas e de outras histórias da cidade, não estão disponíveis para o público, por isso, ficou um pouco complicado enriquecer o documentário com arquivos da época. Nos baseamos muito nos jornais que estão encadernados e disponíveis na Casa de Cultura Dr. Paulo Portugal, a qualquer pessoa que tiver interesse de ler e conhecer mais sobre o passado da nossa cidade. O único arquivo em vídeo é pessoal, uma fita que encontrei em casa, na comemoração do aniversário de um ano do meu irmão mais velho. Era a minha família na Cidade das Crianças, em 1991, junto com o Guarani.


Cavalo Guarani em imagens de acervo pessoal de Patrícia. (Foto: Imagem do Documentário)

Como você escolheu conectar o tema do "infinito" às histórias de Jardinópolis?

Newton Reis escreveu no hino da cidade: “Jardinópolis, pedaço do infinito”. Conversando com uma grande amiga, Amanda Coimbra, tivemos juntas a ideia de iniciar o filme com imagens do universo para inserir o telespectador nesse sentimento do infinito. A sequência de imagens traz o planeta terra, mergulhando num grande zoom in, até chegar na cidade de Jardinópolis-SP. Em parte da sinopse eu explico mais. Segue um pequeno trecho.

"Entre a Terra e o Infinito" convida o público a refletir como essas histórias nos conectam à essência de Jardinópolis e tornam a cidade aquilo que ela é de fato: um pedaço do infinito.


Newton Reis em frente ao Disco Voador, enquanto seu filho, Mário Reis, conta a história. (Foto: Imagem do Documentário)

Na sua opinião, como as Leis de Incentivo a cultura, como a Lei Paulo Gustavo, podem ajudar artistas locais?

Eu saí da faculdade em 2016. Esse é meu primeiro filme autoral desde então. Claro, que além de uma baita síndrome de impostora [sic.], eu também não sabia muito bem como viabilizar financeiramente um projeto audiovisual. Infelizmente as pessoas ainda não entendem que a Produção de um filme, seja ele de pequena, curta ou longa metragem, custa caro. E leva muito tempo. A pré-produção do filme começou em dezembro do ano passado. As gravações e a etapa de pós-produção ocorreram ao longo desse ano. Durante esse período, tivemos uma ingrata surpresa, fomos notificados que havia uma denúncia, colocando em prova a minha elegibilidade para receber a verba do edital. Um edital em que me empenhei muito para escrever e enviar, claro que a denuncia não foi para frente, pois não tinha fundamento, e no final das contas fui contemplada. Acredito muito que essas Leis de Incentivo, como a Paulo Gustavo ou Aldir Blanc, sejam um caminho muito promissor para que os artistas locais tenham acesso a um dinheiro que é destinado a cultura e assim, possam viabilizar projetos que nunca sairiam do papel se não fossem por essas Leis, que o próprio nome diz, incentivam a classe artística a produzir e receber por isso. Porque essa é nossa profissão e não apenas um hobby ou capricho.


Museu e Casa de Cultura Dr. Paulo Portugal. (Foto: Imagem do Documentário)

Quais são suas expectativas em relação ao impacto do documentário no público, especialmente entre os moradores de Jardinópolis?

Este filme é, antes de tudo, uma celebração das pessoas e das histórias que tornam Jardinópolis única. Queremos que o público enxergue a cidade com novos olhos, valorizando sua trajetória e seu patrimônio cultural, por isso pretendemos exibir o filme em escolas, projetos sociais e acabamos de disponibilizar a obra no Youtube. O principal objetivo desse projeto é, além de dar voz a histórias da nossa cidade, também conscientizar nossos munícipes de que essas e outras histórias pertencem a cidade e precisam ter o seu acesso democratizado. Precisamos começar a pensar juntos, como classe artística e histórica. Precisamos viabilizar mais projetos como esse. Quanto mais obras forem feitas, independente se sobre as mesmas histórias ou outras, será melhor. Quem ganha é a cidade, a cultura e o turismo também. Por que não? Minha expectativa é que as histórias sejam disseminadas e que nos próximos projetos feitos, seja mais fácil ter acesso a arquivos. Juntos podemos possibilitar muito mais do que sozinhos.


Túmulo do prefeito Dr. João Muniz Sapucaia. (Foto: Imagem do Documentário)

O documentário Entre a Terra e o Infinito - Histórias de Jardinópolis está disponível no Youtube pelo link (https://www.youtube.com/watch?v=6TUf7DJPHmI), as três histórias ali contadas seguem uma narrativa impessoal, onde ninguém se coloca como apresentador ou o contador dessas histórias, exceto pela pequena narração em off que serve como introdução a todo o conteúdo que virá a seguir, os convidados é que o fazem, deixando tudo mais leve e gratificante de se assistir.


Cada história é contada pelo ponto de vista de pessoas ligadas aos fatos ou que detêm algum conhecimento histórico de como foram, além de jovens comentando sobre eles, e tudo é seguido por imagens atuais e por fotos ou vídeos cedidos para a produção, além de ‘recortes’ de jornais e acervo pessoal dos produtores do documentário, dando ainda mais credibilidade e profissionalismo ao produto final.


Este documentário é um exemplo vivo de como é importante manter a história e cultura viva, narrada, e mostrada, e não guardada para poucos, ninguém de fato é dono do passado, e ele deve ser lembrado, tanto para conhecimento de novas e futuras gerações, como para aprendizado.

 

Fotos: Divulgação / Imagens do Documentário


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